domingo, 1 de maio de 2011


Esta dor não desaparece.
Esta lágrima não seca.
Este pensamento não desvanece.
E, a noite continua longa…
Escondo-me na lembrança dos teus braços,
No calor do teu corpo…
Sombras projectadas nas paredes do quarto
Num leito aberto pelo encanto!
Momento guardado na memória
De dois corpos que se almejam tanto!
Debaixo da pele outrora junta
Grita uma dor que se sente
Não por fora mas, por dentro!!

terça-feira, 29 de março de 2011


Fecho os olhos!
Deixo-me levar pela sensação da areia fina a roçar nos meus pés…
O murmúrio da água transporta-me para longe de mim
Fujo das rochas…
Todavia, as ondas vêm contra mim…
Sinto-as nos pés, nas pernas, na alma…
Sei que só o horizonte se encontra inalcançável à minha frente…
Sem nunca o poder tocar…
Desejo-o!
Os meandros do fado conduzem-me para longe do meu anelo!
Sinto-me um pequeno barco à deriva na imensidão do oceano,
Baloiçando ao sabor do vento e da maré…
Almejo não encontrar o Gigante Adamastor
Mas, ele entra na minha vida com as suas réplicas.
Se não colido contra o cabo, este bombardeia-me com pequenas pedrinhas…

sábado, 8 de janeiro de 2011


Na escuridão da noite, vejo-te!
A tua sombra vagueia pelo meu quarto,
A tua voz ressoa entre as quatro paredes em forma de cicio.
Estás aqui!
Bem junto a mim!
Todavia, não te toco
Não te sinto…
Perto de mim, és-me distante…
Intocável…
Perdida no tempo, assim permaneço,
Tal como âncora fundeada no oceano!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Deixei que a escuridão me envolvesse
Pouco a pouco, senti que à minha volta o casulo se fechava
As janelas cerravam, as portas trancavam,
As amarras aprisionavam-me…
O silêncio começava a reinar!
As luzes foram esvanecendo dentro do quarto
E, de mim…
Sentia-me minúscula entre as quatro paredes
Estava sozinha…
Perdida no emaranhado dos meus pensamentos…
Envolta nas tréguas.
Aquele efémero momento tornava-se indispensável.
Às vezes, a solidão não é uma fraqueza
Torna-se uma necessidade!
Lá fora a Lua ergue-se majestosamente
Enquanto o cansaço vai-se apoderando de mim…
Sinto-me cansada de estar cansada…
Cansada disto e daquilo…
E de mais alguma coisa!
Aquele cansaço que me tira a força
E a vontade de viver…
Sou arrastada pela multidão que corre
Às vezes, deixo-me envolver pela azáfama do dia-a-dia
Ficando o corpo cansado…
Todavia, a alma vazia…
Outras vezes deixo-me envolver pelo marasmo
Por aquela vontade de nada fazer
Mas, até isso me deixa cansada!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Janela


Fechei os olhos com força!
Pouco a pouco desanuviei a pressão
Na ténue esperança de adormecer…
Via nitidamente o luar a trespassar a persiana mal fechada da janela.
Aquela janela, a minha porta para o mundo!
Da janela tudo é meu!
Posso moldar a paisagem perante a minha alma
Pinta-la de mil e uma cores ou apenas torna-la num retrato a preto e branco.
Tenho esse poder! A janela facultou-mo!
Todavia, também a paisagem me manipula!
Quando sorri para mim, alegra-me a alma
Quando chora, choro com ela…
Sei que tudo se passa do outro lado da janela:
Ainda a pouco, vi o sol a esconder-se no horizonte
E a lua a erguer-se majestosamente entre um manto de estrelas.
Agora, lá fora o luar mistura-se com as luzes artificiais da cidade
E invadem a escuridão do meu quarto
Marcando as paredes caiadas de nívea com pequenos raios de luz.
Sei que falta pouco para a lua continuar a sua dança constante com o sol
E, desaparecer…

A minha dor tem o teu nome


Sei que estás longe…
Bem longe… Não sei ao certo precisar onde
Mas, estás longe…
Não estás aqui, ao meu lado…
O silêncio da noite traz o som da tua voz
Vinda de todas as direcções e, de longe…
Sinto o peito a apertar,
As paredes a esmagarem-me,
O próprio ar asfixia-me.
Na sombra da noite vejo o teu vulto
As nuvens brancas, que se salientam no céu azul,
Escrevem o teu nome
E, nessas letras a minha dor…