sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Aqui!


Aqui tudo me é estranho...
Sinto que não pertenço a este mundo.
Todavia, este mundo também não me pertence.

Não sei a que mundo pertenço!
A que dicionário pertencem
Minhas insignificantes palavras...
Sei que tudo digo num silêncio
E nada em mil frases que profira...
As palavras latejam na minha mente
Embora, nada signifiquem...

Este mundo é-me estranho...
Distante...
Tudo me parece fútil...
Irrisório...
Mas, ao mesmo tempo,
Tão familiar!
Tão acolhedor!...

Tenho medo deste mundo!
Nada me diz nada.
E tudo se transforma em nada
Dentro de mim!

É deste mundo que falo,
Pois outro não conheço!

Realidade ou Ilusão?


Será real o que sinto ou mera ilusão?
Serei eu real ou simples ser que passa neste mundo,
Como névoa passageira numa manhã de Verão?
Esta incerteza que me assola e me consome
A cada dia que passa mais emaranhado transforma,
Meu pensamento...

Vejo a minha sombra reflectida no chão.
Mas apenas é o meu corpo,
Onde estará a alma?
Será negra como a sombra que vejo?
Ou transparente tal lago de água límpida?

Ai! Tomara eu ser quem não sou...
Estou cansada de ser eu...
Estas dúvidas que vêm
Como ondas num areal,
Transformaram o meu ser em mil pedaços...

Embora despedaçada, continuo a ser eu...
Aquele ser frágil
Que deixou na infância a alegria de viver.
Aquele passado inexorável e lindo
Onde a felicidade preenchia cada segundo
Daquela inocente existência...

Agora, neste insignificante presente
Olho para trás e vejo quem fui...
Tento olhar para a frente
Na vã esperança de ver quem serei,
Mas entre mim e o futuro existe uma barreira
Que apenas posso transpor vivendo o presente...

Mão Amiga


Cortaram-me as asas...
Perdi a bússola
Que me indicava o caminho a seguir...
Meus braços
Perderam a razão de se erguer...
Minha boca
Perdeu a razão de se abrir...
E as palavras,
De saírem...

Meu olhar
Perdeu o brilho...
Meus passos,
O rumo...
A vela da minha nau rompeu-se...
Agora, sem vontade de caminhar,
Amparo-me nas recordações...

Mas o que são elas?
Pedaços de mim
Que fui deixando cair...
Vida vivida...
Páginas do livro escritas
Para mais tarde
Quando passarem à minha frente,
Tal película de filme,
Minhas lágrimas rolarem pela face
E as sombras do passado
Se erguerem ao meu lado,
Enquanto a mão amiga e invisível
Me indica o caminho a tomar,
Dá-me força e conchego
Para os novos desafios enfrentar!

Infinito...



De olhar fixo na escuridão
Fito o inalcançável infinito...
Infinito...
Como queria tocar no infinito!
Mas entre mim e ele
Existe uma mancha escura
Protegida por uma bola de cristal impenetrável
Onde reina a escuridão
E a luz do sol reflecte o seu brilho.

Infinito...
Meta inatingível e desejada...
Infinito...
Mero sonho sonhado.
Pesadelo real daqueles que o desejam
Sem nunca o atingirem...
Infinito...
Pedra lançada ao oceano.
Horizonte Perdido...
Infinito...
Só ele mesmo:
Infinito...